sexta-feira, março 28, 2008

Sensação Sentida


Desperta-me os sentidos.

[sopra-me ao ouvido para que te capte com atenção em minha memória]

Sussura-me o alento da vida.

Quebra-me a inspiração, para que

o teu toque faça renascer as palavras ousadas

que em mim guardo.

Sem pontuação alguma quebra-me a leitura de ti

incendeia-me as frases com o toque dos teus lábios.

Vamos ser sentidos sem direcção pré-destinada.

Sente-te, no meu sentir [tão teu].

sexta-feira, março 21, 2008


Não quero, nem posso revelar-te quem sou.
Irias dissecar-me a alma num instante.
Consequentemente vou-te dando a provar tragos do meu gosto, sabores de mim.

Sem que te apercebas já me viste em modo natura,
sem que te apercebas já te revelei tudo de mim e em que em mim possuo.
Sem que te apercebas sou tua.

Mas tu não o sabes, nunca saberás
Senão o que te restaria para dissecar? o coração?
esse não o quero esquartejado, violentado em vão.

Quero que o segures em tuas mãos,
como se fosse o mais que precioso tesouro que tanto procuras e alenta o teu ser.
Quero ser o teu sonho, entranhar-me em ti, nos teus poros, no teu cheiro, no teu sabor. . .
misteriosamente chegarei lá, para no fim te deixar.

Porque o sonho liberta-nos,
porque não seria sonho senão fosse eterno,
impossível de alcançar o seu encanto.

Disseca-me o id anatomicamente. . .

sábado, março 15, 2008

escada da vida


Sentada neste vão de escada gélido e de pedra
percorre-me um desalento
de quem já não tem nada a esperar.
Sinto na espinha o arrepio da perda
O sopro amargo da despedida.

Descansada neste degrau supérfulo
sinto-me o mais cansada possível.
Desço a escada da vida,
pisando cada degrau como se espesinhasse
cada momento mau,
cada sentimento sofrido.

Fumo um cigarro, na esperança
que me traga algo de novo à memória.

minutos de vida perdidos em vão.

Encontro-me na vacuidade mais profunda de mim.
Nunca tinha percorrido degraus
que não me levassem a lado algum.
Agarro-me, incrédula, ao corrimão
da anestesia que se abate em mim.

segunda-feira, março 10, 2008

Lisboa em ponte


Lisboa em ponte, com a marca da gente de alfama
delineada em seus alicerces.
Com as árvores de monsanto a ecoarem boas vindas.
Com o Tejo como amante secreto.
Lisboa em ponte,
com o Bairro Alto, Rossio, Belém e tantos outros lugares,
demarcando o seu alcatrão,
já tantas vezes pisado e caminhado
pelos apaixonados desta cidade tão antiga, tão bela,
com tanta história a transbordar pelas brechas da calçada.
Lisboa em ponte, passa e fica em mim.

sexta-feira, março 07, 2008

silêncio

O silêncio interrompe-nos.
Interrompe-nos o som da perda
Interrompe-nos a saudade
quebra-nos o aplauso da vida.
Encontro o silêncio para que
não me interrompa mais.
e enterro-o para que possa acreditar nele,
para que possa vivê-lo.
Escutando o canto da vida surda, minha.

terça-feira, março 04, 2008

SOL A PRUMO

A razão é campo de batalha
De lutas sem justo vencedor
Alma atormentada pela dúvida
É canteiro de murcha flor

Percorro os caminhos do pensamento
Em paços de apreçado gigante
Leme e velas na procura do rumo
Inquieta alma navegante

Este singelo barco baila
Em ondas de desencanto
Maré baixa ao cair da noite
Uma Lua com ar de espanto

A distância que nos separa
Prende uma incontida mágoa
É ribeiro vindo de longe
Que em teu coração desagua

Esta minha viagem pára
No meio de tanta tempestade
Gerada em tua cabeça confusa
De amor, raiva e até saudade

Oh campos pintados de verde
Oh nuvens de inquietação
Este céu tem gravado um lamento
Liberto da minha emoção

A tristeza chorou na lava
Moldou um ser de contradição
Um deus bondoso talhou a alma
Deu-lhe a luz da real paixão

E libertou-o no mundo
Sem asas para voar, sem rumo
Numa manhã de imensa calmaria
Quando o sol estava…a prumo…

Doce beijo

by Profeta
Tal como prometido..

domingo, março 02, 2008

o pote de ouro

Sentamo-nos no jardim dos sentidos.

Descansas o teu abraço em mim.
Olhas para o céu, apontas-me o arco-íris das cores bonitas.

- Escolhe uma.
- o vermelho, da paixão!
Qual escolherias tu?! pergunto.

Ao que me respondes ser te impossível escolher, por ser eu todas as cores visíveis no espectro do teu mundo, baço, opaco, e antes vazio.
Descobres o arco-íris em mim, em dias tempestuosos do meu sol.