quarta-feira, fevereiro 27, 2008

piano


Ressaco o cansaço ao som do piano

embebedo-me das tuas notas.

Travo com o olhar o teu toque nas teclas mais soltas

um ré, um fá, um dó menor até.

Sinto o fibrilhar de um ritmo dentro de mim

ouço pelo janela um saxofone,

abstraio-me um pouco de ti,

mas não te perco. . .

Reacendes-me o som, revejo-te aqui.

Sentado ao piano tocando só para mim.

Tocando em nós.

sábado, fevereiro 23, 2008

tempo


Sento-me numa esplanada,

relembro momentos e histórias passadas.

Revejo amizades longínquas e perdidas,

questiono quem as levou,

quem já não faz parte de mim.

Apercebo-me que o tempo não é quem dita os termos,

mas sim as pessoas.

Findo-me assim…

Quero recuperar quem tive

não desculpo o tempo agora!

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

essência

Recupero a essência de mim, a minha libertação… em tardes amenas, numa esplanada qualquer, ao cheiro de um café bem tirado e ao sabor de um cigarro bem fumado. Ao toque da brisa nos meus poros, ao som da música que ecoa em mim e à tinta que se explana na minha escrita. Renasci na essência de mim, na imortalidade de coisas banais mas que sempre tocarão o meu ser.

sábado, fevereiro 16, 2008

Noites quentes


Noites de estio em que te procuro na incerteza do toque frio dos teus lençóis de cetim…

Corpos sôfregos e suados que se encontram
na certeza de uma paixão quente,
aquelas paixões de Verão que preenchem
a nossa inanidade perante os amores de outras estações.

Encontrei-te, tu achaste-me…

Reencontramo-nos mais uma vez na paixão abrupta de uma noite fervente,
embalados pela brisa suave que nos invade pela janela entreaberta e ondula o véu do amor.

Noites quentes numa noite de estação qualquer.

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Noites frias


Nas noites frias embalo-te o sonho,

seco as tuas lágrimas em meu colo.

Tiro o peso do mundo de ti

passando a mão pela tua cabeça.

Apago todos os teus problemas e desilusões,

por breves instantes abafo os teus gritos de agonia e dor,

e num desabafo afasto-os de ti!

Descansa em mim, serena em meu leito,

deixa-me ser eu a falar por ti só esta noite.

domingo, fevereiro 10, 2008

Noites de estação


Na visão do incerto, em noites longínquas de paixão intensa , sem fim,
onde me sinto perdida por entre os teus dedos. . .
Sinto te na incerteza do meu olhar, vejo-te e revejo-te na certeza do meu toque.

Noites mágicas de uma estação qualquer, em que reproduzimos o sol, a chuva e o vento.

Em nosso olhar: lágrimas minhas e palavras tuas. . .
A que te sabe o vento quando inspiras?
A que te sabe o sol quando te queima a pele seca?
A que te sabe a chuva quando te molha a pele queimada?
Consegues sentir-me? A natureza tem um novo sabor em ti.

Noites de estação na incerteza de nós.

sexta-feira, fevereiro 08, 2008


Sou cada vez mais, uma adepta fervorosa de Fernando Pessoa, com mensagem ou sem mensagem, numa garrafa ou soltas no mar, sou adepta das palavras e sobretudo do saudosismo tão Português.

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Hélices

Num futuro longínquo daqui,
repetiremos os passos dados num passado distantemente perto.
Caminharemos sobre os mesmos campos,
enquanto nos picam as silvas,
subiremos as mesmas rochas, para no cimo
(do nosso mundo enquanto um todo)
fitarmos o que nos lembra o mais íntimo de nós.
Paisagens perfeitas,
vistas pelo ângulo das pás de uma hélice,
que teimam em cortar o vento,
num dia de sol quente,
num campo amarelo de vegetação seca!




Num campo onde a vida éramos nós e o elo que nos prendia.

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Realmente o amor deve ser tratado como um vício. . .não há terapia que nos impeça de ter uma recaída.
Não há prazer maior do que experimentá-lo, e raramente o queremos largar.
Nunca reconhecemos estarmos viciados nele e quando o achamos vergonhoso tentamos escondê-lo.

Agora pergunto. . .

Vício: pecado prejudicial ou prazer essencial?


(something for your mind, your body and your soul)

sábado, fevereiro 02, 2008

chocolate quente para um


Já era tarde.
Num acto de “fartitude” (sim, quando estamos fartos de algo ou alguém) levanta-se da cama inquieta que não a conseguia adormecer. Lembrou-se de ir à cozinha.

Apetecia-lhe um chocolate quente.
Foi até à sala procurar companhia para o assalto ao leite quente e às bolachas estaladiças. Responderam-lhe com aquela frase típica, de quem tem conversas intermináveis no computador: só mais dois minutos, que já me estou a despedir. (enquanto teclava freneticamente e olhava o monitor como se de um espelho se tratasse.) Enfim… seguiu para a cozinha sozinha. Preparou um chocolate quente.

Soube-lhe a memórias de outras noites, passadas com amigos à lareira em outros sítios. Saboreou um chocolate quente.
Comeu uma ou duas bolachas, pegou na água, fez uma festa no pêlo macio do gato (que insistia em roçar-se nas suas pernas, como tentativa de chamada de atenção), e seguiu para a cama. Bebeu um chocolate quente.

cantigas de há muito


O amor indigente é o pior dos amores em qualquer tipo de relação. A sua natureza mendicante e miserável confere a quem ama o papel de sofredor, necessitado de afecto do próximo, para continuar a sentir o toque da vida em seu peito. Ninguém gosta de ver um ser com postura pobre e triste, com olhar “implora-dor” de carinho. Quanto mais se pede, mais desprezo se recebe.
O amor nasce, crava raízes em nós antes mesmo de o sentirmos, tem que ser natural, não forçado (mas todos sabemos isto…).
Ando farta do tema amor.
Por que não falar ódio? Não estão a um passo um do outro? Em vez de sonhar em tentar escrever a geografia do romance, pondero o tormento do ódio. . .
Ódio é escárnio, é a chama que consome a sanidade dos impuros e puros. Também o amor. É maldizer, é a vozinha estridente irritante repetitiva, que afasta as pessoas, é o apagar das memórias, sentimentos, relações. O ódio comanda a vida de muitos. Também o amor. Mas deixemo-nos de hipocrisias translúcidas. . . Quem é mais feliz? O que ama ou o que odeio? Odeia? desculpem o engano . . . Por que se sente muito mais um “odeio-te” do que um sentido “amo-te”, porque a memória do primeiro prevalece e até tem direito a promoção a possível trauma, porque odiar é amar negativamente, mas é amar! (tudo tem lado bom e menos bom, tu sabes). Porque ódio é amor, escárnio e maldizer.
Por tudo isto, não digo nada!

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

palpitas-me

o cheiro da tua pele paira agora sobre a minha. Sei que ainda vai perdurar nela durante um bom tempo. O teu perfume demora no reencontro do seu lar, e até lá aluga um espaço em mim, no meu coração, na minha pele, na minha memória. Mas que posso mais fazer? não consigo controlar. . . e sabe tão bem quando ficamos deitados lado a lado no vazio, com o teu palpitar tão perto do meu, sem segundas intenções, sem outras implicações, somente ali . . . a mirar os olhos do outro, a decorar contornos e traços que sabemos não poderem ser nossos. Somos o momento em momentos bons, tão especiais e esporádicos. Alimentamo-nos assim. . . do olhar.