sexta-feira, setembro 25, 2009

café da avenida

Neste Verão ambivalente de dias quentes e húmidas, e noites secas de ventania, em sua companhia nada perdura.
Relembra Verões passados em nada diferentes.
Na viagem das suas memórias não consegue encontrar um Verão vivido a seu gosto.
Talvez em pequeno, mas esses a memória já não os guarda.
Tenta criar numa tela a imagem perfeita de onde queria esta, mas a sua habilidade para tal já se perdeu, deixou de treinar a arte que mais o encantava e agora já não se revê nela.
Resta-lhe a imagem, pouco nítida, na memória do que sonha. Imagem que se perpetua para alem das recordações que vão esmorecendo perante esta.
Talvez por isso se encontre fatigado.
O rapaz livre e sonhador já não se encontra nele, sente-se velho, velho demais para tentar viver.

[O seu carismático esplendor raramente o visita.]

Se passarmos no café da avenida conseguimos avistá-lo uma esplanada na companhia dos seus dois fiéis cães, com o seu caderno e estojo de desenho fechados, pousados ao lado da chávena de café, e com o olhar no vazio infinito que transpõe o seu olhar.
No café da avenida vemos o velho que nunca deu azo aos seus talentos e deixou a vida escolher-lhe o caminho a seguir.
No café da avenida vemos um rapaz com alma de homem e sonhos de criança.
Qual café de avenida…

Um comentário:

Joanne disse...

muito bonito! =D